sábado, 18 de maio de 2013

O que acontece a quem vê as notícias

Uma hora ao telefone com a mãe e acabamos a duas a chorar.
Se ela não visse as noticias isto não acontecia.
E como se isso não bastasse, ela é inevitavelmente portuguesa, há coisas que por natureza não compreende, como por exemplo, que 10 raparigas raptadas e enclausuradas durante não sei quantos anos não significa que todas as outras mulheres do mundo vão passar pelo mesmo.
Tuga é tuga, e os nossos noticiários são imagem disso, falam de Futebol (=consumismo), Fátima (=bullshit, religiosa e politica, que não é realmente necessária) e Fado (para mim tudo é que é noticia negativista individualista, como as meninas raptadas, ou o menino que tem cancro, ou o homem que morre sozinho em casa, é Fado). Isso e o Big Brother, uhuh, que forma inteligente de cultivar os tugas! É por isso que não vejo tv. Se quiser saber de politica leio o Diário da República e se quiser saber de desporto leio A Bola, e se quiser Fado, leio o Correio da Manhã, onde posso seleccionar o que leio, e não sou bombardeada com uma hora e meia de fucking bullshit!
A lavagem cerebral é tal, que a minha mãe diz que preferia que eu passasse o meu verão a trabalhar na caixa do continente (sem ofensa aos caixistas) do que a fazer o que gosto.
Ela diz que tem medo de me perder e nunca mais me ver, e diz que espera que eu nunca seja mãe para não saber o que eu a faço sofrer.
Ela tem razão, trabalhar na caixa do continente era mais simples e seguro, mas eu não vivo assim, não sou assim, não quero ser assim, tenho sonhos, e faço o que posso para os alcançar, e sei que isso custa a muita gente, mas sou egoísta, muito egoísta, e gosto de ser assim, gosto de correr atrás da minhas vontades, porque são elas que me definem, fazem crescer, aprender, e ser feliz.
Esta é a minha felicidade, e infelizmente leva toda a felicidade da minha mãe com ela.
O que posso eu fazer?

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