terça-feira, 6 de abril de 2010

Tu, eu, e o Mundo.

Estava de férias na linda zona de Côte D'Azur.
Lindas casas em forma de castelos erguiam-se sobre o dourado por-do-sol.
Eu tinha uma tarefa para fazer. Quando acabei sai, e tu estavas dentro do teu Laguna, á minha espera, olhavas-me muito sério, observador. Quase que passei sem te ver. Mas pelo canto do olho vi-te. Vi-te. VI-TE!
Corri para o carro, abri a tua porta, abraçei-me a ti e chorei. Choro sempre que te vejo, porque nunca te vejo.
Sais-te do carro, poseste-te de pé, ainda muito sério e falaste. Tu falaste-me. Chorei e chorei e chorei. Eras real.
Abraçaste-me com força. Chorei ainda mais. Pegaste-me no rosto, e eu vi nos teus olhos que me querias, mas nao deixaste. A soluçar perguntei "Porquê?". Desvias-te o olhar. Repeti "Porquê?". Limpaste-me as lágrimas, deste-me a mão, "Vamos passear" com um sorriso forçado.
E fomos. Fomos em sileêncio. Apertei-te a mão o mais que podia, não te queria voltar a perder, não te queria ver fugir pelo ar, como um balão de hélio a subir até aos céus.
Quando me apercebi estavamos numa zona de ruinas encantadas, como as de Angkor Wat.
Silencio e a tua respiração. Magia.
Era a nossa viagem pelo Cambodja, lembras-te? Aquela em que eu conduzo o jipe e tu vais ao meu lado.
Parámos. Olhámos-nos. Vi-te nas rugas que vinham ai más noticias, e por isso preferi ficar calada, não fazer perguntas. Abraçei-te. (Agora choro). Queria que aquele momento durasse o mais possivel. Ias acabar comigo. Ias acabar comigo outra vez. Ias-me matar outra vez. Ias fugir outra vez. Ias morrer outra vez.
Sorri para ti e chorei para mim. Apertei-te com mais força contra mim.
- Não vais dizer nada?
- Não.
- Olha para mim...
- Não quero.
- Por favor...
- Quando voltas?
- Hmm...?
- Quando voltas?
- Não te posso prometer...
- Não tens. Diz-me só que vais voltar.
- Preciso de falar contigo...
- Não quero saber porque desapareceste...
- Mas eu preciso de falar contigo.
- Porquê? Que diferença faz?
- Nenhuma...
- Não gostas dela? A criança é tu?
- Não, não sou o pai. E a Paula... Como sabes?
- E a Paula afinal não é o que pensavas...
- Não. Mas...
- Mas? Se não gostas dela, deixa-a.
- Não posso...
- Porquê?
- Porque se tornou tudo tão oficial, tão serio, tão... É como se eu fosse o marido dela e pai da filha dela... Não posso agora fazer de conta que nada se passou.
- Isso nada importa. Se não queres estar com ela, não são as aparências que te vão obrigar a isso.
- Mas eu gosto da Catarina, é como se fosse minha filha. Se deixar a Paula nunca mais a vejo.
- Podes continuar a ver a Catarina, podes ser como um pai para ela.
- Mas a Paula...
- A Paula nada. Ela não manda em ti.
- Eu sei...
Silêncio...
Olhaste-me ternurentamente. Agarrada pela cintura ias-me beijar. Não deixei. "Tu tens mulher." e nesse momento ela aparece.
Parecia a Jane do Tarzan. Saiu do meio das árvores, a saltitar.
Não disse nada, ficou calada a olhar. Parecia um animal do mato. A cria surgiu por trás, com pequenos e suaves passos. Saltou para o teu colo a ronronar. A progenitora nada disso. Nem se mexeu.
O veredicto foi dado.

2 comentários:

Rose disse...

Olá Helen
remember me? :)
Gostei imenso do texto principalmente desta parte "Choro sempre que te vejo, porque nunca te vejo."
que frase sublime minha cara...
tambem estou a pensar fazer um blog mas ainda nao sei...
Reparei que tens nos links dos blogs um colega meu da universidade. O do "farinha black book", ele é da minha turma de design de comunicaçao ^_^

beijinhos*****

Anónimo disse...

wtf... :o