terça-feira, 22 de julho de 2008

Os Temporários

Gostava de ser imortal.
Ser pintada ou pintar um quadro.
Escrever ou ser descrita num livro.
Inventar algo importante.
E nem assim asseguraria a minha imortalidade.
Com o passar do tempo, aprendemos a aceitar, que somos temporários, e nem as fotografias nos guardarão para sempre.
Ao longo da vida somos ensinados com apenas uma coisa:
Amar ou Odiar.
E fazemos todo o resto dela, em função dessa aprendizagem.
Acabamos por não aproveitar grande coisa dela.
Sei que sou nova, mas tenho visto o quão a vida pode ser fácil e complicada. E o quanto temos de mortais e imortais, apesar de a imortalidade ser ocasionalmente temporaria.
Tenho visto miudas da minha idade morrerem, e outras degradarem-se, como também tenho visto pessoas serem aquilo que querem, e idosos de 106 anos andarem tão bem quanto pessoas de 50, apesar de terem um pouco mais que o dobro.
Viver um seculo, é, de certa forma ser imortal.
Mas é ser mortal também. A partir dos 80 fica-se á espera, e á espera, e á espera, do fatídico dia, que parece não chegar.
Acho que a chave da imortalidade é esperar a morte todos dias.
Quem aceita ser imortal, acaba por morrer, talvez não fisicamente, mas morre.
Um amigo meu diz que sentir não é temporário, é permanente, e que por isso, viver, nesse momento, nos torna imortais, nem que seja apenas por esse momento.
É triste, e faz-me chorar ver coisas perderem-se no passado, perderem o sentido, serem esquecida, demovidas.
Parece que aprendi, que não se deve confiar em ninguem, nem mesmo em quem sempre mais acreditámos, em quem nos guiou e ensinou muito do que sabemos, mesmo que esse alguem sejamos nos, porque nunca sabemos se estaremos certos ou errados nas nossas verdades e mentiras, voltando ao mesmo de sempre, saber quais são as verdadeiras verdades, e as verdadeiras mentiras.
Sei que um dia vou desaparecer, fico na duvida se agora, ou para sempre.

How far am I from you?

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